sábado, 16 de dezembro de 2006

Ideias férteis

Os meus pais estão a envelhecer. Olho para eles sentados na mesa da cozinha, no primeiro almoço que faço para a família na casa nova. Estão mais magros, com as rugas a espreitar e algum desalento no olhar. Quando há um ano decidimos tentar engravidar, não pensei, nem sabia que a chegada de um bebé à família dá outro sentido aos dias. Ser avó deve ser uma experiência única. Ainda nem sequer sabemos porque é que não conseguimos ter um filho, mas há dias em que penso que, se nunca vier a ser mãe, também não serei avó nem bisavó.
É um pouco assustador pensar nos natais, quando tiver 70 anos e já não tiver cá os meus pais, sem filhos, nem noras, nem netos.
Em 2007 vamos começar a descobrir um outro mundo. O dos casais que tentam sucessivamente ser pais, que passam nos corredores dos hospitais públicos à espera de um sinal de esperança, que tentam clínicas privadas para conseguir atingir mais depressa o objectivo. Só em Março - e depois de uma série quase interminável de exames - é que temos a segunda consulta de infertilidade na Maternidade Alfredo da Costa. Três meses de espera. E o tempo a passar.