quinta-feira, 24 de maio de 2007

Os exames

A desigualdade está em todo o lado. Quem tem mais dinheiro, ganha mais tempo com o médico, ganha mais tempo para fazer mais tratamentos, ganha mais ânimo porque é tudo mais rápido. As clínicas de fertilidade privadas têm uma tabela de preços assustadora, mas ninguém faz ecografias em massa, nem tem cinco minutos de consulta onde o médico está de braços caídos impotente quando diz "as listas de espera são de dois anos". Para quem é infertil, ter dinheiro faz toda a diferença. Em Portugal não há qualquer incentivo à natalidade. Na Finlândia, o Estado paga até três tratamentos.
Na consulta onde desembolsámos 95 euros, confirmámos o que já sabíamos, mas também que, se tivermos dinheiro, vamos poder fazer rapidamente os tratamentos. Antes do "master plan" estar definido, temos ainda de fazer exames, incluindo a tal "histero-qualquercoisa", que - leio em todo o lado - não é nenhuma pêra doce. Esse exame custa 250 euros.
As férias no estrangeiro ficam mais distantes.

domingo, 20 de maio de 2007

A vida em directo

Este é um blog em tempo real. Há dois meses saíamos da MAC sem chão, depois de uma conversa de cinco minutos com um médico que só encolhia os ombros e fazia uma expressão do género "temos pena". Terça-feira vamos ao privado. Dois meses à espera de uma consulta, mesmo numa clínica privada onde supostamente os prazos se encurtam. Não há nada a fazer. Leio que isto nos ensina a ser mais pacientes. Preferia não aprender.
Terça-feira estamos à espera de ser melhor recebidos, de ouvir e perguntar mais, de ficar a saber mais coisas. Mas não vamos trazer as respostas todas. Teremos de repetir os exames quase todos, teremos de voltar a marcar consulta e, nisto, passam-se os meses. É a vida em directo. Um directo muito longo, preguiçoso, pouco produtivo.